Thursday, April 19, 2007

Não me chames estrangeiro...

A propósito d'O Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos (AEIOT - 2007)


"Não me chames estrangeiro, só porque nasci muito longe
ou porque tem outro nome essa terra donde venho.
Não me chames estrangeiro porque foi diferente o seio
Ou porque ouvi na infância outros contos noutras línguas.
Não me chames estrangeiro se no amor de uma mãe
tivemos a mesma luz nesse canto e nesse beijo
com que nos sonham iguais nossas mães contra o seu peito.
Não me chames estrangeiro, nem perguntes donde venho;
é melhor saber onde vamos e onde nos leva o tempo.
Não me chames estrangeiro, porque o teu pão e o teu fogo
me acalmam a fome e o frio e me convida o teu tecto.
Não me chames estrageiro; teu trigo é como o meu trigo,
tua mão é como a minha, o teu fogo como o meu fogo,
e a fome nunca avisa: vive a mudar de dono.

(…)

Não me chames estrangeiro; olha-me nos olhos
Muito para lá do ódio, do egoísmo e do medo
E verás que sou um homem, não posso ser estrangeiro”

Rafael Amor

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