Thursday, December 13, 2007

"O mal da ignorância é que vai adquirindo confiança à medida que se prolonga"

Acho piada às pessoas que gostam de utilizar a palavra "literalmente" para dar ênfase ao que estão a dizer, tipo:
- Estou-m'a cagar pra ele, literalmente.

"Não há nada mais terrível do que uma ignorância activa" (Goethe)

FMI

«Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...»
in FMI, José Mario Branco.

Friday, December 7, 2007

Tudo tem um fim. Só a Salsicha é que tem dois. (provérbio alemão)

Thursday, December 6, 2007

O Essencial & o Necessário - o caso dos (não) fraldários nos WC masculinos

Há coisas que nos "passam ao lado" durante quase toda a vida. Geralmente coisas que não nos tocam directamente. Defendemos a igualdade de género, estamos atentos a fenómenos como o racismo e a xenofobia, lutamos pelos direitos das pessoas com deficiência, etc, mas tudo isso na teoria, naquilo que se chama "o geral". Achamos, por exemplo, que todos os locais de acesso devem ser adaptados a cadeiras de rodas, mas quando entramos num edificio sem elevador não nos vêm à cabeça, enquanto subimos as escadas, "se entra aqui um deficiente, não pode subir". Não são coisas que caminhem até ao nosso pensamento de forma automática, a maioria das vezes.
Por isso, não estou surpreendida por nunca ter pensado na questão que dá nome a este post: Porque não existem fraldários nas casas de banho dos homens? Se estão à espera de um discurso feminista, esqueçam - é apenas um discurso humano. Até porque fui dar uma olhada no universo dos blogues e todos os posts que encontrei que se referiam ao assunto eram assinados por homens, nomeadamente pais que se queixavam por irem passear aos centros comerciais com os filhos e terem que entrar na casa de banho feminina para lhes mudar a fralda.
Ok, não é uma questão essencial porque provavelmente (e infelizmente) um fraldário nesse local seria uma coisa muito pouco utilizada, a princípio. Nem é que não seja precisa, mas já viram um macho a trocar a fralda do puto num local apinhado de outros machos? Que falta de masculinidade! Não, claro que não é essencial, aliás, se um tipo não demorar muito tempo nas compras, o puto até pode aguentar a merda até chegar a casa.
Não é essencial, mas é necessário. Porque há coisas que construímos para se adaptarem às pessoas (e.g. rampas para deficientes) e há outras que construímos principalmente para que as pessoas se adaptem a elas, para que haja mudança - essa palavra tão assustadora!
Há o essencial e o necessário, e ambos devem ocupar as nossas listas.
Não concordam? Então podem parar de me dar cinzeiro no café, porque a mim dá-me muito mais jeito mandar o cigarro aceso p'ro chão.